Os Pigmeus

Os povos ‘Pigmeu’ são tradicionalmente caçadores-coletores que vivem nas florestas tropicais em toda a África central.

O termo ‘Pigmeu’ ganhou conotações negativas, mas foi recuperado por alguns grupos indígenas como um termo de identidade.

Porém, essas comunidades se identificam principalmente como ‘povos da floresta’, devido à importância fundamental da floresta à sua cultura, modo de vida e história.

Cada um é um povo distinto, como o Twa, Aka, Baka e Mbuti vivendo em países de toda a África Central, incluindo a República Centro-Africana, a República Democrática do Congo, Ruanda, Uganda e Camarões.

Grupos diferentes apresentam línguas e tradições de caça diversas. Embora cada comunidade enfrente ameaças e desafios diferentes, o racismo, a exploração madeireira e projetos de conservação são grandes problemas para muitos, todos contribuindo para sérios problemas de saúde e abuso violento.

As estimativas atuais indicam que a população dos povos Pigmeu é de cerca de meio milhão.

Vida na floresta

O centro da identidade desses povos é a sua conexão íntima com a floresta onde eles vivem, e que têm adorado e protegido por gerações.

Jengi, o espírito da floresta, é uma das poucas palavras comuns a muitas das diversas línguas faladas pelos povos da floresta.

‘Os Pigmeus amam a floresta como amam seu próprio corpo.’ (provérbio Mbendjele)

A importância da floresta como seu lar espiritual e físico, e como fonte de sua religião, medicina, subsistência e identidade cultural é enorme.

Tradicionalmente, as pequenas comunidades frequentemente se movimentavam por territórios florestais distintos, reunindo uma vasta gama de produtos florestais, coletando mel silvestre e trocando mercadorias com sociedades sedentárias vizinhas.

Técnicas de caça variam entre os povos da floresta, e incluem arcos e flechas, lanças e redes.

© Salomé/Survival

Mas muitas comunidades foram deslocadas por projetos de conservação e suas florestas remanescentes foram degradadas pela exploração madeireira extensiva, expansão por parte dos agricultores, e atividades comerciais, como o comércio intensivo de carne.

Poucos receberam qualquer compensação pela perda de seu modo de viver auto-sustentável na floresta, e muitos enfrentam níveis extremos de pobreza e problemas de saúde em assentamentos na periferia da terra que já lhes pertenceu.

Em Ruanda, por exemplo, muitas pessoas Twa que foram deslocadas de suas terras ganham a vida fazendo e vendendo cerâmica.

Agora, esta subsistência está ameaçada pela perda de acesso a argila através da privatização da terra e pela disponibilidade crescente de produtos de plástico.

Mendigar e vender seu trabalho barato se tornaram as únicas opções para muitos povos da floresta deslocados e marginalizados.

Direitos e reconhecimento

Um problema fundamental para os povos Pigmeu é a falta de reconhecimento dos direitos territoriais de caçadores-coletores, juntamente com a negação de sua condição ‘indígena’ em muitos estados africanos.

© Salomé/Survival

Sem direitos reconhecidos nacionalmente para as terras florestais das quais dependem, forasteiros ou o estado podem tomar suas terras sem barreiras legais e compensação.

Aquelas comunidades que perderam seus meios de vida tradicionais e as suas terras se encontram na parte inferior da sociedade nacional – vítimas de discriminação que afeta cada aspecto de suas vidas.

Saúde e violência

Povos da floresta que vivem na terra que têm cuidado por séculos apresentam melhor saúde e nutrição do que os seus vizinhos que foram expulsos de suas terras florestais.

As consequências ao perderem suas terras são muito previsíveis: a descida rumo à pobreza, saúde precária e uma profunda destruição de sua identidade, cultura e sua conexão com sua terra, que cria uma nova classe baixa que requer apoio do governo.

O conflito na República Democrática do Congo tem sido especialmente brutal para o povos Pigmeu, que sofreram assassinatos e estupros, e supostamente foram vítimas de canibalismo dos combatentes fortemente armados.

Em 2003, representantes Bambuti pediram à ONU para proteger seu povo do terrível abuso por parte das milícias armadas no Congo, incluindo a incidência extremamente alta de violação de mulheres por homens armados. Um dos resultados foi uma taxa alta de HIV/ Aids.

‘Temos visto crueldade, massacres, genocídio, mas nós nunca vimos os seres humanos caçados e comidos, literalmente como se fossem animais de caça, como tem acontecido recentemente’, Sinafasi Makelo, porta-voz Mbuti.

Os Batwa também sofreram desproporcionalmente com o genocídio da Ruanda em 1994: estudos estimam que 30% dos Batwa foram mortos, mais do dobro da média nacional.

Onde as comunidades Pigmeu continuam a ter acesso aos recursos florestais, dos quais tradicionalmente dependem, seus níveis de nutrição são bons.

© Salomé/Survival

Quando estão deslocados das florestas, geralmente sem compensação ou meios alternativos de ganhar a vida, a sua saúde piora drasticamente. Um estudo relata que 80% dos Baka sedentários em Camarões sofre da bouba (uma condição dolorosa na pele).

Outros estudos têm mostrado que comunidades Pigmeu que habitam a floresta têm níveis mais baixos de muitas doenças em comparação com as populações vizinhas de Bantu assentadas, incluindo a malária, reumatismo, infecções respiratórias e hepatite C.

Além disso, as comunidades não podem mais acessar os remédios da floresta dos quais dependiam, e estão em perigo de perder o seu conhecimento rico e tradicional da medicina herbal.

A maioria das comunidades não tem acesso a assistência de saúde devido à falta de disponibilidade, falta de verbas e maus-tratos humilhantes. Programas de vacinação podem ser lentos para atingir os povos da floresta e há relatos de Pigmeu que sofrem de discriminação por funcionários médicos.

Racismo

Um fator central por trás de muitos dos problemas enfrentados pelos povos da floresta é o racismo.

Suas estruturas sociais igualitárias muitas vezes não são respeitadas pelas comunidades vizinhas ou empresas internacionais e organizações que valorizam líderes (masculinos) fortes.

© Salomé/Survival

A íntima conexão dos povos da floresta com as florestas já foi valorizada e respeitada por outras sociedades, mas agora é ridicularizada.

Para muitas comunidades agrícolas e de pecuária em toda a região, os povos da floresta, que não têm nem terra nem gado, são vistos como ‘atrasados’, empobrecidos ou ‘inferiores’ e muitas vezes são tratados como se fossem ‘intocáveis’.

Reconhecimento e representação política

Numa tentativa de diminuir os conflitos étnicos, vários governos africanos, como os da Ruanda e da República Democrática do Congo, têm defendido a ideia da nação como ‘um povo’, negando enfaticamente o status ‘indígena’ para os povos Pigmeu e recusando-se em reconhecer as suas necessidades distintas.

Os povos Pigmeu são muito mal representados no governo, em todos os níveis, nos países onde vivem.

Com seu baixo status e falta de representação, é difícil para eles defender suas terras, e os recursos desejáveis dela, de pessoas de fora.

Escravidão

Em agosto de 2008, quase 100 Pigmeus foram libertados da escravidão na RDC, dos quais quase a metade eram provenientes de famílias que haviam sido escravizadas por gerações.

Mãe e crianças Pygmies

Mãe e crianças Pygmies© Salomé/Survival

Tal tratamento decorre da noção de que os Pigmeus são de um status inferior, e que por isso podem ser ‘propriedades’ dos seus ‘mestres’.

O trabalho forçado nas fazendas é uma realidade comum para muitos Pigmeus deslocados, que são extremamente vulneráveis, sem terra ou representação e pouca simpatia e apoio.

Taxas de remuneração são geralmente mais baixos para os Pigmeus em toda a região.

Madeireiros e parques

Grande parte das terras tradicionalmente habitadas por comunidades de Pigmeus é rica em madeira e minerais.

Há uma corrida entre os madeireiros e os conservacionistas para reivindicar as florestas remanescentes.

Os direitos e necessidades dos povos da floresta têm sido ignorados na disputa das florestas da África Central.

© Salomé/Survival

No Congo, as empresas madeireiras multinacionais correram aos primeiros sinais de paz para extrair madeira valiosa.

Comunidades locais muitas vezes são enganadas, e acabam renunciando o seu direito à terra, perdendo o seu patrimônio cultural, a fonte de seu sustento e sua segurança alimentar, em troca de um punhado de sal, açúcar ou um facão.

Os resultados são devastadores para o povo, a floresta, o clima e o futuro deste país desesperadamente instável.

No caminho dos madeireiros, vêm milhares de colonos, ansiosos para estabelecer fazendas nas terras recém acessíveis, hostis aos povos da floresta cujas terras foram destruídas.

‘Desde que fomos expulsos de nossas terras, a morte está nos seguindo. Nós enterramos pessoas quase todos os dias. A aldeia está se tornando vazia. Estamos caminhando para a extinção. Agora todas as pessoas de idade morreram. Nossa cultura está morrendo também.’ (Homem Mutwa de Kalehe, RDC.)

Tem havido um ciclo vicioso de povos da floresta, privados de suas florestas e, portanto, seus meios de sobrevivência, empobrecendo cada vez mais a medida que forasteiros aproveitam de sua situação.

Com o aumento da pobreza, sua capacidade para defender seus direitos está diminuindo. Extensas plantações, de propriedade de empresas multinacionais, estão se espalhando para áreas florestais.

Em Camarões, as comunidades Bagyeli que vivem num lado do Parque Nacional do Campo Ma’an têm sido espremidas entre a área de conservação e o território que foi entregue a empresas multinacionais para a exploração.

Plantações de óleo de palma e árvores de borracha são áreas proibidas para os Bagyeli, e não houve qualquer compensação pela perda de suas terras, nem trabalhos, assistência à saúde ou outros benefícios.

Sua saúde está se deteriorando, pois mosquitos são abundantes entre as plantações, aumentando a malária na área, e a nutrição dos Bagyeli diminuiu radicalmente sem acesso a alimentos da floresta.

‘Suas condições de vida não são a nossa responsabilidade. Questões relacionadas à pobreza não são a nossa responsabilidade.’ (John Makombo, Autoridade de Animais Selvagens da Uganda)

Forasteiros que vieram para trabalhar nas plantações discriminam contra os Bagyeli e caçam os animais locais, privando os Bagyeli de sua principal fonte de proteína.

Conservação

Em 1991, a Floresta Impenetrável de Bwindi na Uganda foi declarada como Parque Nacional. Os Batwa foram expulsos e proibidos de caçar e coletar frutos; poucos foram compensados.

Eles não foram consultados. A maioria vive agora como ‘intrusos’ em terra de outros povos, sempre com medo de serem expulsos, sem acesso à floresta e sem terra própria.

Os Pigmeus são os especialistas da floresta. Aqui, são fotografados na República Democrática do Congo.

Os Pigmeus são os especialistas da floresta. Aqui, são fotografados na República Democrática do Congo. © Kate Eshelby/Survival

Os anciãos relataram que eles não podem ensinar a seus filhos as habilidades tradicionais- coletar o mel, caçar, utilizar as ervas medicinais- porque eles não podem ir para a floresta.

Os Batwa foram excluídos dos parques, e são maltratados e explorados pelos agricultores.

Os agricultores que invadiram a floresta com suas fazendas receberam uma indenização quando as áreas de conservação foram designadas. Os Batwa deslocados não.

‘Um dia, estávamos na floresta quando vimos pessoas vindo com metralhadoras e eles nos disseram para sair da floresta. Estávamos com muito medo, por isso começamos a correr sem saber para onde ir e alguns de nós desapareceram. Eles morreram ou foram para algum lugar que não sabíamos. Como resultado do despejo, todo mundo está disperso.’ (Sembagare Francis)

As receitas provindas do turismo, a partir de alguns dos principais parques nacionais nesta área, são substanciais. Visitantes estrangeiros pagam centenas de dólares para poderem caminhar por um dia e ver os gorilas em Bwindi.

Esse dinheiro vai para o governo de Uganda. São os povos da floresta locais, que têm pagado os custos mais elevados.

Despejos

Comunidades Twa foram expulsas dos parques em toda a região, incluindo o Parque Nacional de Vulcões (Ruanda), Mgahinga (Uganda) e Kahuzi-Biega (República Democrática do Congo).

Como povos da floresta, eles sofreram muito conforme suas terras foram convertidas em áreas de conservação das quais eles foram despejados.

Vivendo na pobreza nas bordas da terra que já lhes pertenceu, eles se tornaram dependentes de esmolas e trabalham para outros por um salário mísero.

Em 1999, o Parque Nacional Campo Ma’an foi demarcado em ‘compensação’ pelos danos ambientais causados pelo oleoduto Chade-Camarões.

Não só os caçadores-coletores Bagyeli perderam suas terras, mas eles também têm sido impedidos de acessar a área e forçados a praticar agricultura, sem nenhuma forma de consulta.

No sudeste dos Camarões, caçadores-coletores Baka estão sendo ilegalmente despejados de seus lares ancestrais para abrir caminho a parques nacionais, e enfrentam prisão e espancamentos, tortura e morte nas mãos de esquadrões anti-caça furtiva apoiados pelo WWF, World Wide Fund for Nature.

Texto: Survival

Ancient Baka culture in Cameroon under threat

The Baka pygmies in Southern Cameroon have been living in the forest for thousands of years. But now, with logging and mining companies rushing to cash in on the wealth, their ancient culture has come under threat.

The sound of a chain saw felling down trees at a mining site in Ngoyla, in south east Cameroon, sends shivers down the spine of Mendum Lysette, a Baka widow with three kids. The Baka pygmies live in close proximity to the forest which they consider it their natural home. Until a few years ago, they had little to do with the outside world. But since the forest has become the target for commercial interests, things have changed drastically.

Along with some 35,000 Baka pygmies living in the forests of Southern Cameroon, Lysette has never been more fearful in her life.

“We can’t help being afraid. Every day, strangers come to us preaching a new gospel of mining. And as the days go by, we see systematic restrictions on our rights,” she said.

“The government of Cameroon and some white people have moved us out of the heart of this forest and resettled us in this village. Now we go into the forest and return in the evening. We are not allowed in there at night.”

The red patches on the map indicate areas the Baka have been evicted from

Lysette’s family and other families were forced to move to a simple village on the edge of the forest. But the Baka don’t like it there. They were used to moving freely from one location of the forest to the next in search of game, wild fruits and tubers, but now, they are forced to live a sedentary life along the roadside.

Lysette says this policy deprives them of the sounds of birds and animals that was part of their lives and souls.

For most of her life, Lysette and most other Baka lived in close communion with nature, right in the Ngoyla-Mintom Forest, an area encompassing 943,000 hectares of relatively intact forest that straddles parts of the East and South Regions of Cameroon. But right here, the iron exploration firm Cam Iron plans to extract close to a billion tons of iron in the next 25 years.

Cameroon pushes for its 2035 development vision

Mineral extraction and logging are major areas where the Cameroon government hopes to make enough profit to achieve its 2035 development vision. Besides being a life line for many rural communities, it is a sector that provides more than one quarter of Cameroon’s export earnings.

“The Baka have been living in the forests of Southern Cameroon for thousands, and thousands of years. Their indigenous knowledge is unbelievable – the medicines, the plants the animals,” said David Hoyle, director of conservation for the WWF.

“But of course the world is changing. Cameroon is developing. Cameroon is going down the development route. Hence, the government’s push for mining permits, logging permits and general development.”

This policy has led to the influx of mining and logging companies into the region, which are now creating many problems for the Baka pygmies who are traditional hunters. 

Forest (photo: Ulrike Koltermann/ dpa - Bildfunk)

The Baka pygmies have a great knowledge of the forest’s remedies

‘’The Baka now cannot completely depend on the forest, because the areas that have been created for protected areas are now managed by conservation organizations like the WWF, WCS and so forth,” Naah Ndobe said. He is the coordinator of the Center for Environment and Development, a Yaounde-based NGO working to protect the environment and the rights of the Baka Pygmies.

“The juicy parts of the forests where they used to get game and fruits have now been protected and are guarded. The logging areas are also guarded, because those who have the concessions would not give you access there. They have obligations to control what you call poaching and so on,” Ndobe added.

Naah Ndobe says the original occupants of the forest have become very vulnerable – deprived of the land they have enjoyed for ages.

Hard battle for ancestral lands

With little access to education and no say in the decision making spheres, they find it hard to fight the battle for their ancestral lands. A combination of discrimation, economic interests and lack of control is depriving the Baka of the very essence of their existence. David Hoyle has worked with the Bakas for long and says he understands their frustrations.

“There are a lot of challenges. Their traditions seem to be disappearing. There are huge problems with integrating into society. There are huge problems with alcohol abuse. It is quite a sad situation,” he said.

Many Baka have been moved to villages at the edge of the forest

Hoyle added that they need to find a solution that caters to the Baka as well as allow Cameroon to develop as an emergent economy.

For the Baka, there seems to be no place to preserve their unique cultures and tradition. They are even prohibited from finding alternative ways to make ends meet.

“A Baka cannot sell game and get money to send his children to school,” Ndobe said. The communities are allowed to get forest products through users’ rights, but they can only use it for their own consumption.

The World Wide Fund for Nature has however been working along with both government officials and the Baka to find solutions. David Hoyle says WWF has been negotiating with the government to give the Bakas access rights to the Nki and Bouba Bek National parks as a legal part of the management plan.

According to him, this is important in order to enable the Bakas to get such non-timber forest products like wild fruits, wild tubers and medicinal plants as well as continue to access their places of worship.

But Ndobe believes that any valid solution can only come from sweeping policy reforms that should protect the fundamental rights of the Bakas. He says that indigenous peoples should be better protected in Cameroon, particularly since the government has signed a UN agreement on Indigenous rights.

Pygmies in a hut (photo: Carine Debrabandère)

Pygmies are traditional hunter-gatherers indigenous to the rainforest of the Congo basin

“The Baka are sharing these specificities not only in Cameroon. You go to the whole of the Congo Basin, you have the Batwa, the Babugo and the Babute; and you go around the world , you have indigenous people-hunter-gatherers in Latin America and Asia. And in the whole world, they have specific rights that have been recognized.”

Ndobe emphasizes the need for the Cameroon government to come up with specific laws recognizing the rights of the Bakas, citing progress made in neighboring countries like the Central African Republic and the Congo.

It remains to be seen how committed Cameroon will be in respecting the rights of its indigenous inhabitants who represent one percent of Cameroon’s 19 million people, while striving for economic development. For the Baka, it’s a question of life and death for their unique culture and identity.

Author: Ngala Killian Chimtom, Yaoude, Cameroon /sst
Editor: Anke Rasper

Desflorestação e a Destruição da Floresta

Los pueblos pigmeos viven en la selva del África central desde hace milenios. En las últimas décadas, sus tierras se han visto gravemente afectadas, entre otras cosas, por la tala masiva de árboles. La deforestación y la expansión de zonas protegidas han puesto en peligro el fuerte vínculo de los pueblos con la selva, su cultura y su subsistencia.

Existen diferentes pueblos pigmeos, como los Twas, los Bakas o los Mbutis. Cada uno de ellos cuenta con su propia lengua, cultura y costumbres. Edjengui, el espíritu del bosque, es una de las pocas palabras comunes a todos ellos. La selva es el hogar espiritual y físico de la comunidad, y fuente de su religión e identidad cultural. La subsistencia pigmea depende de la caza y de la recolección de productos del bosque, como la miel silvestre, y el intercambio de productos con las sociedades sedentarias de la zona. Sin embargo, las actividades recolectoras se han visto afectadas por la tala excesiva y esto ha provocado la pérdida de las tierras, niveles extremos de pobreza y el reasentamiento de los pueblos.

La mayor parte del territorio pigmeo es rico en madera y minerales. Actualmente, existe una competición muy fuerte entre empresas madereras y ecologistas para hacerse con la propiedad de la selva. Sin embargo, en esta lucha territorial, no se han tenido en cuenta los derechos y necesidades de la comunidad. En muchas ocasiones, los pueblos se ven engañados por las empresas para entregar sus derechos territoriales. Esto implica la pérdida, no sólo del terreno, sino también de su herencia cultural, sus medios de subsistencia y la seguridad alimentaria. El impacto negativo resultante es devastador para las personas, las condiciones de la biosfera y el clima.

Uno de los mayores problemas de la deforestación en Camerún es que se lleva a cabo sin el consentimiento de los habitantes de la selva, los pigmeos baka. Existen empresas madereras que talan árboles en una extensión de tierra mayor de la que permite la propia legislación camerunesa. A esto hay que unir también, en muchos casos, la exportación ilegal de maderas exóticas. La principal problemática es que el propio gobierno de Camerún otorga concesiones a las empresas para que destrocen la selva y conseguir troncos que luego son transportados.

Además de la tala ilegal, estas empresas operan imponiendo condiciones de trabajo muy duras y con sueldos bajos. De esta manera, la selva tradicional está desapareciendo, condenando a las poblaciones que la habitan y dependen de ella a la ruina. También hay que sumar el interés de la industria farmacéutica por el valor medicinal de los árboles de Camerún. En definitiva, los intereses económicos de los poderosos del país están matando uno de los espacios naturales más importantes de la zona.

A diferencia de las empresas con ánimo de lucro, los pigmeos establecen un vínculo de dependencia con los árboles de la selva. Éstos les proporcionan frutas, alimentos, aceite, miel y medicinas naturales. Incluso, los pigmeos utilizan los troncos de los árboles para camuflarse en las actividades de caza.

Pero la deforestación no es el único problema que está afectando a la vida cotidiana de los pigmeos, sino que también lo hacen las condiciones climáticas. Las comunidades reclaman que sus derechos sobre la selva sean respetados por encima de todo. Y es que el cambio climático ya está afectado a las condiciones de la tierra. Uno de los planes internacionales sobre cambio climático es el programa REDD, que tiene como objetivo ayudar a proteger los bosques y a las comunidades, haciendo partícipe a los pueblos afectados y teniendo en cuenta sus derechos territoriales.

Texto de Zerca y Lejos

Etnia Baka

La etnia pigmea baka es una de las más desfavorecidas del África Subsahariana

Los pigmeos y pigmeas baka han nacido de la selva, hombres y mujeres que siempre han formado parte de ella. Esta etnia pigmea, hasta no hace mucho nómadas que vivían de la pesca, la caza y la recolección, se han visto obligados a abandonarla y a asentarse a los márgenes de la carretera, en tierras que les son ajenas.

La deforestación provocada por las industrias de explotación forestal y minera así como la preservación de las áreas protegidas forzó a los pigmeos mediados de siglo a la sedentarización como única alternativa de subsistencia al no poder continuar con su forma tradicional de vida. Actualmente se asientan en terrenos dominados por otras etnias mayoritarias, que aprovechan esta situación para emplearles como mano de obra barata, en condiciones que en ocasiones rozan la esclavitud.

La situación actual de esta etnia pigmea es de extrema urgencia. Viven suspendidos entre un pasado al que no es posible volver y un presente en un contexto en el que se sienten fuera de lugar.

¿Dónde viven las comunidades pigmeas baka?

Según el Grupo Internacional de Trabajo sobre Asuntos Indígenas, alrededor de 60.000 miembros se reparten entre la República Democrática del Congo, el norte de Gabón y la República Centroafricana, y 5.000 personas pertenecientes a estas comunidades se encuentran en el sur de las selvas de Camerún. Sin embargo, en este país no existe un censo oficial sobre la población pigmea ni tienen una representación en el gobierno nacional ni en los gobiernos regionales y locales.

¿Cómo es la tradición cultural pigmea?

Durante generaciones han desarrollado sus propios métodos para vivir en armonía con la selva, a la que conceden un carácter divino. No se limitan a vivir en la selva, sino que son parte de ella. Por eso la cuidan y la conservan. La jungla les proporciona todo lo necesario para vivir y no conciben conceptos como acumular o almacenar.

Se organizan en grupos pequeños, con matrimonios monógamos y familias nucleares abiertas, donde los niños y niñas son libres y se desarrollan de forma autónoma y los ancianos, por su sabiduría, son la autoridad. Los jefes de los grupos pigmeos tienen la misión de aconsejar y acompañar a su pueblo, pero cada individuo es libre de tomar sus propias decisiones. En la cultura pigmea no existe una estructura jerárquica y se profesa un gran respeto por la autonomía personal.

Su sociedad tradicional es muy igualitaria, se valora el conocimiento y la pericia, pero esto tampoco concede autoridad sobre el resto de los individuos. Hombres y mujeres tienen dividido el trabajo, pero no existe una superioridad del hombre sobre la mujer ni una dependencia de ésta.

En cada pueblo conviven entre 15 y 20 familias de cuatro miembros cada una. Viven en mongulus, chozas construidas con hojas y troncos de palmera de una sola puerta por donde entra la única fuente de luz natural, de una sola habitación donde hace la vida toda la familia

Este modo de vida es muy distinto al de sus vecinos, los pueblos bantúes, sedentarios y que dominan la sociedad y la economía en el sur de Camerún e imponen las normas de convivencia. Muchas personas de la etnia bantú no reconocen a las personas pigmeas como seres humanos, lo que las hace víctimas de todo tipo de violaciones de sus derechos.

Un pigmeo ama a su selva como ama a su propio cuerpo. Refrán Mbendjele

¿Cuál es la situación actual de los pueblos pigmeos baka?

En la actualidad continúan dedicándose a la recolección, pero la actividad de caza se ha visto reducida a animales pequeños ya que está considerada una práctica ilegal por el gobierno como medida para proteger las reservas naturales. Por ello, trabajan las tierras de las comunidades bantú, a cambio de un sueldo mínimo o un plato de comida o una dosis de alcohol. En los últimos años se ha establecido una relación de jerarquía que les relega a una situación de semiesclavitud con esta otra etnia, quienes a menudo se aprovechan de su candidez y de su desconocimiento de sus derechos.

El Gobierno de Camerún reconoce en sus leyes a estos pueblos como marginados, y aunque no les otorgue a nivel legislativo el estatus de pueblos indígenas, en la práctica si les clasifica como tales. Sin embargo, la falta de un censo oficial sobre la población pigmea imposibilita su representación en el gobierno nacional o en los gobiernos regionales. No existen medidas concretas para salvar su cultura y su hábitat, las personas pigmeas no reciben ayudas específicas ni son indemnizados por el uso de sus tierras, siendo en la mayoría de las ocasiones despreciadas y discriminadas.

Texto de Zerca e Lejos.

Exposição Nômade – Paulo Chavonga

O artista Paulo Chavonga reflete em suas obras sobre a vida dos imigrantes africanos que residem na cidade de São Paulo, como gesto de esperança um ato de coragem e desejo de diálogo, através de uma memória visual sobre a África e seus povos, estimulando a vivência dos imigrantes africanos na dinâmica cultural da cidade.

Nascido em Benguela, Angola, residente em São Paulo há apenas 12 meses, vive a experiência de um jovem estrangeiro longe de sua família, em terras estranhas; experiência constituída a partir de um corpo-território, que é caracterizado por uma identidade imigrante-refugiado de partes múltiplas do continente africano. Todo dia é um aprendizado, em São Paulo, quem sou? Talvez uma gota num mar de artistas,  trabalhadores e desempregados. Sou mais um ser humano a procura de realizar sonhos em meio à multidão de brasileiros, pintor de rua, nas grandes avenidas e nas estreitas vielas dos bairros periféricos. Sou NÔMADE. 

Em 2018, é contemplado pelo prêmio VAI da prefeitura de São Paulo e participa de duas exposições na Galeria Olido, sendo uma coletiva e a outra individual.

Artista angolano que foi contemplado pelo programa VAI 2018 fará exposição individual na Galeria Olido em São Paulo.

Quando: de 17 de outubro à 11 de novembro – das 9h00 às 20h00
Onde: Av. São João 473

 

 

Já Ouviu Falar das Poltronas Yorubá?

A poltrona Yorubá é um tipo de cadeira tradicionalmente usada por reis e rainhas da tribo Yoruba da África Ocidental. Feitas à mão, todas têm uma moldura de madeira e o estofamento consiste em milhares de minúsculas miçangas bordadas ou coladas sobre um tecido de revestimento protetor e cada uma delas leva 3 meses para ficar pronta.

Os desenhos florais e símbolos denotam riqueza, poder, força e sabedoria e a repetição dos padrões significa a interconexão da vida e o equilíbrio necessário para sustentá-la.

Lindo, não? Uma obra de arte com uma fascinante história por trás. Confira os modelos disponíveis em nossa loja on-line!

Juju Hat ou Chápeu de Lyn

Há centenas de anos as tribos Bamileke criaram os chapéus JUJU ou de Tyn para seus chefes tribais e famílias reais usarem durante as cerimônias, eles são muitas vezes usados junto com uma máscara de elefante, que denota riqueza e poder a seus portadores. A tribo Bamileke era originalmente de uma área ao sul dos Camarões conhecido como Mbam. Hoje a população é de cerca de 8 milhões de pessoas e deslocou-se para a savana ocidental da República dos Camarões. A tribo cultua um deus supremo e seus antepassados e é regida por um chefe da aldeia e apoiada por um conselho de anciãos.

Os chapéus Juju têm grande importância principalmente nas cerimônias funerárias, pois quando um ancião morre, o chapéu é passado para o próximo da fila, para que ele possa herdar a riqueza e a reputação daquele que morreu.

Hoje em dia o chapéu Juju continua sendo usado em Camarões por motivos cerimoniais, mas tornou-se um adorno contemporâneo e colorido para residências, hotéis, bares, restaurantes e todos os tipos de interiores em todo o mundo.