Os Bakas e o Espírito da Floresta

The Baka pygmies of Cameroon live in the world’s second largest green lung: the Congo Basin Rainforest in the southeast part of the country. 

Their habitat is home to a stunning array of wildlife. More than eight thousand plant species and around 100 mammal species, including rare forest elephants, lowland gorillas, chimpanzees, buffalo and giant forest hogs live here.

Together with the Worldwide Fund for Nature (WWF), the government of Cameroon and Germany’s development agency GTZ, the Baka pygmies contribute towards the protection of Lobeke National Park. This area of around 2,000 square kilometers is situated on Cameroon’s border to the Central African Republic and the Republic of Congo.

The forest is the Baka’s life

Many Baka pygmies live in villages along roads built for logging companies, a practice encouraged by missionaries and the government. The pygmies, seldom taller than one meter fifty, living here are dressed in much the same clothes as most of their countrymen: the obligatory football shirt, if they can get hold of one, and shorts.

Yet despite these “modern” ways, they are still very dependent on the forest. They use time-honored hunting techniques, hunting smaller prey with a type of crossbow. 

The rainforest is also a giant pharmacy for those who know how to use it. The Baka have a vast knowledge of the medicinal qualities of the thousands of species of plants and trees which grow here. 

The Baka’s knowledge of the rainforest is greatly superior to that of other tribes who have settled more recently in the region and mainly live off agriculture – the Banganado and the Bodjumbo. “They have their own perception of the forest and value the forest more than the Bantus – the non-Bakas,” Dr. Leonard Usongo, head of the WWF’s Jengi South East Forest Project, told DW-RADIO’s John Hay. 

“Jengi”, the spirit of the forest, is what the environmental organization is seeking to preserve, along with the pygmy way of life. 

“Take the lifestyle of a typical Baka man: He lives in the forest, he depends on the forest for his survival, be it in terms of food or terms of refuge,” he explains. “So basically, the forest is just everything in his life.”Hunting is necessary, but forbidden”

The involvement of outside organizations has meant limitations for the some 20,000 Baka who live in the peripheral area of Lobeke Park. One major regulation is the prohibition to hunt larger game, although illegal poaching is a large problem in the region. 

Here, the Baka are a great help, as they alert the WWF or government forest guards when they observe big game poachers entering the park. 

But the hunting ban is not so much a source of conflict with the pygmies as it is with other local tribes. Vegetables, such as manioc, yams and cooking bananas, grow quickly in the humid climate. Gorillas, however, often devastate the fields of both the Bakas and Bantus. The locals used to hunt gorillas, but the WWF only allows them to be killed in self-defence. 

A Bantu woman belonging to the Bangando tribe says the primates are a pest who need to be sought out and exterminated.

“When the gorillas come and destroy the fields like this, what should we do? Where shall we eat? What about the children when there is no food at home? The children cannot concentrate properly at school when they have empty stomachs,” she says. Destroying the rainforest

But the greatest threat to the gorillas, the pygmies and the jungle as a whole doesn’t come from poaching, but rather from logging. Up to 400 heavy trucks, each laden with the trunks of three to five giant ayours, sapelli or ebony trees, roll daily through the provincial town of Yodakdouma. These trees don’t take decades, but hundreds of years to grow.

International and domestic logging companies are eating into the Cameroonian rainforest at a rate of 130,000 hectares a year – more than half a percent of the entire rainforest surface. 

“Lobeke is actually the gateway for most of the forest products – timber from Central Africa and Congo. So these trucks move via Lobeke right across to Douala seaport, where the wood is exported to Europe, Asia and the rest of the world,” says WWF project manager Usongo.

Once the large trees are destroyed, the rest of the forest lacks the shadow of the forest canopy and soon dies. And when fragile topsoil has disappeared, the rainforest will never grow back again. 

The Baka pygmies of Lobeke are acutely aware that their way of life and a centuries old culture is at risk of being lost forever.

“The Jengi is the spirit of our ancestors. They knew how to use the wisdom of the forest,” says an old Baka. “But now our ancestors have gone.” 

He says the Bangando and Bodjombo are a major problem. “They come and disturb the Jengi in the forest. Our Jengi is not as strong as it was before.”

Os Pigmeus

Os povos ‘Pigmeu’ são tradicionalmente caçadores-coletores que vivem nas florestas tropicais em toda a África central.

O termo ‘Pigmeu’ ganhou conotações negativas, mas foi recuperado por alguns grupos indígenas como um termo de identidade.

Porém, essas comunidades se identificam principalmente como ‘povos da floresta’, devido à importância fundamental da floresta à sua cultura, modo de vida e história.

Cada um é um povo distinto, como o Twa, Aka, Baka e Mbuti vivendo em países de toda a África Central, incluindo a República Centro-Africana, a República Democrática do Congo, Ruanda, Uganda e Camarões.

Grupos diferentes apresentam línguas e tradições de caça diversas. Embora cada comunidade enfrente ameaças e desafios diferentes, o racismo, a exploração madeireira e projetos de conservação são grandes problemas para muitos, todos contribuindo para sérios problemas de saúde e abuso violento.

As estimativas atuais indicam que a população dos povos Pigmeu é de cerca de meio milhão.

Vida na floresta

O centro da identidade desses povos é a sua conexão íntima com a floresta onde eles vivem, e que têm adorado e protegido por gerações.

Jengi, o espírito da floresta, é uma das poucas palavras comuns a muitas das diversas línguas faladas pelos povos da floresta.

‘Os Pigmeus amam a floresta como amam seu próprio corpo.’ (provérbio Mbendjele)

A importância da floresta como seu lar espiritual e físico, e como fonte de sua religião, medicina, subsistência e identidade cultural é enorme.

Tradicionalmente, as pequenas comunidades frequentemente se movimentavam por territórios florestais distintos, reunindo uma vasta gama de produtos florestais, coletando mel silvestre e trocando mercadorias com sociedades sedentárias vizinhas.

Técnicas de caça variam entre os povos da floresta, e incluem arcos e flechas, lanças e redes.

© Salomé/Survival

Mas muitas comunidades foram deslocadas por projetos de conservação e suas florestas remanescentes foram degradadas pela exploração madeireira extensiva, expansão por parte dos agricultores, e atividades comerciais, como o comércio intensivo de carne.

Poucos receberam qualquer compensação pela perda de seu modo de viver auto-sustentável na floresta, e muitos enfrentam níveis extremos de pobreza e problemas de saúde em assentamentos na periferia da terra que já lhes pertenceu.

Em Ruanda, por exemplo, muitas pessoas Twa que foram deslocadas de suas terras ganham a vida fazendo e vendendo cerâmica.

Agora, esta subsistência está ameaçada pela perda de acesso a argila através da privatização da terra e pela disponibilidade crescente de produtos de plástico.

Mendigar e vender seu trabalho barato se tornaram as únicas opções para muitos povos da floresta deslocados e marginalizados.

Direitos e reconhecimento

Um problema fundamental para os povos Pigmeu é a falta de reconhecimento dos direitos territoriais de caçadores-coletores, juntamente com a negação de sua condição ‘indígena’ em muitos estados africanos.

© Salomé/Survival

Sem direitos reconhecidos nacionalmente para as terras florestais das quais dependem, forasteiros ou o estado podem tomar suas terras sem barreiras legais e compensação.

Aquelas comunidades que perderam seus meios de vida tradicionais e as suas terras se encontram na parte inferior da sociedade nacional – vítimas de discriminação que afeta cada aspecto de suas vidas.

Saúde e violência

Povos da floresta que vivem na terra que têm cuidado por séculos apresentam melhor saúde e nutrição do que os seus vizinhos que foram expulsos de suas terras florestais.

As consequências ao perderem suas terras são muito previsíveis: a descida rumo à pobreza, saúde precária e uma profunda destruição de sua identidade, cultura e sua conexão com sua terra, que cria uma nova classe baixa que requer apoio do governo.

O conflito na República Democrática do Congo tem sido especialmente brutal para o povos Pigmeu, que sofreram assassinatos e estupros, e supostamente foram vítimas de canibalismo dos combatentes fortemente armados.

Em 2003, representantes Bambuti pediram à ONU para proteger seu povo do terrível abuso por parte das milícias armadas no Congo, incluindo a incidência extremamente alta de violação de mulheres por homens armados. Um dos resultados foi uma taxa alta de HIV/ Aids.

‘Temos visto crueldade, massacres, genocídio, mas nós nunca vimos os seres humanos caçados e comidos, literalmente como se fossem animais de caça, como tem acontecido recentemente’, Sinafasi Makelo, porta-voz Mbuti.

Os Batwa também sofreram desproporcionalmente com o genocídio da Ruanda em 1994: estudos estimam que 30% dos Batwa foram mortos, mais do dobro da média nacional.

Onde as comunidades Pigmeu continuam a ter acesso aos recursos florestais, dos quais tradicionalmente dependem, seus níveis de nutrição são bons.

© Salomé/Survival

Quando estão deslocados das florestas, geralmente sem compensação ou meios alternativos de ganhar a vida, a sua saúde piora drasticamente. Um estudo relata que 80% dos Baka sedentários em Camarões sofre da bouba (uma condição dolorosa na pele).

Outros estudos têm mostrado que comunidades Pigmeu que habitam a floresta têm níveis mais baixos de muitas doenças em comparação com as populações vizinhas de Bantu assentadas, incluindo a malária, reumatismo, infecções respiratórias e hepatite C.

Além disso, as comunidades não podem mais acessar os remédios da floresta dos quais dependiam, e estão em perigo de perder o seu conhecimento rico e tradicional da medicina herbal.

A maioria das comunidades não tem acesso a assistência de saúde devido à falta de disponibilidade, falta de verbas e maus-tratos humilhantes. Programas de vacinação podem ser lentos para atingir os povos da floresta e há relatos de Pigmeu que sofrem de discriminação por funcionários médicos.

Racismo

Um fator central por trás de muitos dos problemas enfrentados pelos povos da floresta é o racismo.

Suas estruturas sociais igualitárias muitas vezes não são respeitadas pelas comunidades vizinhas ou empresas internacionais e organizações que valorizam líderes (masculinos) fortes.

© Salomé/Survival

A íntima conexão dos povos da floresta com as florestas já foi valorizada e respeitada por outras sociedades, mas agora é ridicularizada.

Para muitas comunidades agrícolas e de pecuária em toda a região, os povos da floresta, que não têm nem terra nem gado, são vistos como ‘atrasados’, empobrecidos ou ‘inferiores’ e muitas vezes são tratados como se fossem ‘intocáveis’.

Reconhecimento e representação política

Numa tentativa de diminuir os conflitos étnicos, vários governos africanos, como os da Ruanda e da República Democrática do Congo, têm defendido a ideia da nação como ‘um povo’, negando enfaticamente o status ‘indígena’ para os povos Pigmeu e recusando-se em reconhecer as suas necessidades distintas.

Os povos Pigmeu são muito mal representados no governo, em todos os níveis, nos países onde vivem.

Com seu baixo status e falta de representação, é difícil para eles defender suas terras, e os recursos desejáveis dela, de pessoas de fora.

Escravidão

Em agosto de 2008, quase 100 Pigmeus foram libertados da escravidão na RDC, dos quais quase a metade eram provenientes de famílias que haviam sido escravizadas por gerações.

Mãe e crianças Pygmies

Mãe e crianças Pygmies© Salomé/Survival

Tal tratamento decorre da noção de que os Pigmeus são de um status inferior, e que por isso podem ser ‘propriedades’ dos seus ‘mestres’.

O trabalho forçado nas fazendas é uma realidade comum para muitos Pigmeus deslocados, que são extremamente vulneráveis, sem terra ou representação e pouca simpatia e apoio.

Taxas de remuneração são geralmente mais baixos para os Pigmeus em toda a região.

Madeireiros e parques

Grande parte das terras tradicionalmente habitadas por comunidades de Pigmeus é rica em madeira e minerais.

Há uma corrida entre os madeireiros e os conservacionistas para reivindicar as florestas remanescentes.

Os direitos e necessidades dos povos da floresta têm sido ignorados na disputa das florestas da África Central.

© Salomé/Survival

No Congo, as empresas madeireiras multinacionais correram aos primeiros sinais de paz para extrair madeira valiosa.

Comunidades locais muitas vezes são enganadas, e acabam renunciando o seu direito à terra, perdendo o seu patrimônio cultural, a fonte de seu sustento e sua segurança alimentar, em troca de um punhado de sal, açúcar ou um facão.

Os resultados são devastadores para o povo, a floresta, o clima e o futuro deste país desesperadamente instável.

No caminho dos madeireiros, vêm milhares de colonos, ansiosos para estabelecer fazendas nas terras recém acessíveis, hostis aos povos da floresta cujas terras foram destruídas.

‘Desde que fomos expulsos de nossas terras, a morte está nos seguindo. Nós enterramos pessoas quase todos os dias. A aldeia está se tornando vazia. Estamos caminhando para a extinção. Agora todas as pessoas de idade morreram. Nossa cultura está morrendo também.’ (Homem Mutwa de Kalehe, RDC.)

Tem havido um ciclo vicioso de povos da floresta, privados de suas florestas e, portanto, seus meios de sobrevivência, empobrecendo cada vez mais a medida que forasteiros aproveitam de sua situação.

Com o aumento da pobreza, sua capacidade para defender seus direitos está diminuindo. Extensas plantações, de propriedade de empresas multinacionais, estão se espalhando para áreas florestais.

Em Camarões, as comunidades Bagyeli que vivem num lado do Parque Nacional do Campo Ma’an têm sido espremidas entre a área de conservação e o território que foi entregue a empresas multinacionais para a exploração.

Plantações de óleo de palma e árvores de borracha são áreas proibidas para os Bagyeli, e não houve qualquer compensação pela perda de suas terras, nem trabalhos, assistência à saúde ou outros benefícios.

Sua saúde está se deteriorando, pois mosquitos são abundantes entre as plantações, aumentando a malária na área, e a nutrição dos Bagyeli diminuiu radicalmente sem acesso a alimentos da floresta.

‘Suas condições de vida não são a nossa responsabilidade. Questões relacionadas à pobreza não são a nossa responsabilidade.’ (John Makombo, Autoridade de Animais Selvagens da Uganda)

Forasteiros que vieram para trabalhar nas plantações discriminam contra os Bagyeli e caçam os animais locais, privando os Bagyeli de sua principal fonte de proteína.

Conservação

Em 1991, a Floresta Impenetrável de Bwindi na Uganda foi declarada como Parque Nacional. Os Batwa foram expulsos e proibidos de caçar e coletar frutos; poucos foram compensados.

Eles não foram consultados. A maioria vive agora como ‘intrusos’ em terra de outros povos, sempre com medo de serem expulsos, sem acesso à floresta e sem terra própria.

Os Pigmeus são os especialistas da floresta. Aqui, são fotografados na República Democrática do Congo.

Os Pigmeus são os especialistas da floresta. Aqui, são fotografados na República Democrática do Congo. © Kate Eshelby/Survival

Os anciãos relataram que eles não podem ensinar a seus filhos as habilidades tradicionais- coletar o mel, caçar, utilizar as ervas medicinais- porque eles não podem ir para a floresta.

Os Batwa foram excluídos dos parques, e são maltratados e explorados pelos agricultores.

Os agricultores que invadiram a floresta com suas fazendas receberam uma indenização quando as áreas de conservação foram designadas. Os Batwa deslocados não.

‘Um dia, estávamos na floresta quando vimos pessoas vindo com metralhadoras e eles nos disseram para sair da floresta. Estávamos com muito medo, por isso começamos a correr sem saber para onde ir e alguns de nós desapareceram. Eles morreram ou foram para algum lugar que não sabíamos. Como resultado do despejo, todo mundo está disperso.’ (Sembagare Francis)

As receitas provindas do turismo, a partir de alguns dos principais parques nacionais nesta área, são substanciais. Visitantes estrangeiros pagam centenas de dólares para poderem caminhar por um dia e ver os gorilas em Bwindi.

Esse dinheiro vai para o governo de Uganda. São os povos da floresta locais, que têm pagado os custos mais elevados.

Despejos

Comunidades Twa foram expulsas dos parques em toda a região, incluindo o Parque Nacional de Vulcões (Ruanda), Mgahinga (Uganda) e Kahuzi-Biega (República Democrática do Congo).

Como povos da floresta, eles sofreram muito conforme suas terras foram convertidas em áreas de conservação das quais eles foram despejados.

Vivendo na pobreza nas bordas da terra que já lhes pertenceu, eles se tornaram dependentes de esmolas e trabalham para outros por um salário mísero.

Em 1999, o Parque Nacional Campo Ma’an foi demarcado em ‘compensação’ pelos danos ambientais causados pelo oleoduto Chade-Camarões.

Não só os caçadores-coletores Bagyeli perderam suas terras, mas eles também têm sido impedidos de acessar a área e forçados a praticar agricultura, sem nenhuma forma de consulta.

No sudeste dos Camarões, caçadores-coletores Baka estão sendo ilegalmente despejados de seus lares ancestrais para abrir caminho a parques nacionais, e enfrentam prisão e espancamentos, tortura e morte nas mãos de esquadrões anti-caça furtiva apoiados pelo WWF, World Wide Fund for Nature.

Texto: Survival

O Direito pela Terra

El pueblo pigmeo es un pueblo que no posee las tierras en las que habita. El reconocimiento de su derecho a la tierra es una de nuestras tareas principales.

En los años 80, las comunidades baka fueron expulsadas de la selva y se quedaron sin sus principales medios de vida. Se asentaron en territorios al lado de los pueblos bantúes, a pesar de que el Gobierno camerunés les cedió algunas tierras. El principal problema fue que las personas baka no sabían trabajarlas y por este motivo se aprovecharon de ellas, sometiéndolos de manera infrahumana, casi como mano de obra esclava.

La comunidad pigmea se enfrenta, desde hace cuatro décadas, a una doble problemática: la inadecuación de técnicas y herramientas para labrar la tierra, y la difícil relación baka-bantú. A esto se suma que, en la actualidad, muchas de las tierras de Camerún están catalogadas como reserva natural.

Desde Zerca y Lejos trabajamos día a día para poder establecer qué tierras pertenecían históricamente a los pueblos baka, cuáles son de propiedad privada y cuáles se consideran reserva natural. El objetivo que se persigue es recuperar las tierras pigmeas y poder dotar a la población de los mecanismos y técnicas suficientes para poder trabajarlas, sin depender de otras etnias.

Según el Centro para el Medio Ambiente y el Desarrollo, entre 2005 y 2012, la demanda de tierra por parte de monocultivos a gran escala ascendió a dos millones de hectáreas, de los seis millones de hectáreas de tierra cultivables que tiene el país. Entre los monocultivos industriales que más se producen se encuentran los de árboles de caucho y los árboles de palma aceitera. La propiedad privada, sumada a la construcción de infraestructuras, como presas, ferrocarriles o puertos de agua, ponen en riesgo las tierras cultivables por la población autóctona y, por ende, la soberanía alimentaria.

El derecho a la tierra de los pequeños productores rurales se encuentra en una frágil situación. Desde Zerca y Lejos trabajamos para defender y promover ese derecho. Dentro del derecho a la tierra, las mujeres cumplen un papel fundamental, ya que muchas de ellas son quienes se encargan de trabajarlas a pequeña escala. En Camerún, las mujeres son responsables de la producción de 60-80% de los alimentos, según datos de la Organización de las Naciones Unidas para la Agricultura y la Alimentación (FAO).

En Camerún existe un problema soberbio de nomenclatura y discriminación racial. Mientras que en la comunidad internacional los pueblos pigmeos están reconocidos como población indígena, dentro del propio país los pigmeos son comunidades marginadas que no se reconocen en muchos casos, ni siquiera como seres humanos. Aquí reside el fuerte racismo nacional hacia estos pueblos pigmeos.

La propiedad privada de la tierra de Camerún reside en manos de multinacionales y del pueblo bantú. Los pueblos pigmeos trabajan bajo las órdenes de éstos en condiciones que atentan contra sus derechos fundamentales.

Hoy en día hay unas 451 millones de hectáreas, a nivel mundial, que son propiedad de comunidades indígenas o están administradas por estas comunidades, con autorización del Estado. Esto se traduce en tan sólo el 31% de la tierra cultivable mundial. La democratización planetaria y la conciencia sobre problemas medioambientales han favorecido este creciente reconocimiento del derecho indígena, pero no es suficiente. Es necesaria la incesante actuación del Comité para la Eliminación de la Discriminación Racial, para solventar los problemas de la sociedad civil indígena respecto a la tierra y proteger a los grupos minoritarios, como el pueblo baka.

Es necesario que el Estado camerunés tome urgentemente medidas para proteger y fortalecer el derecho a la tierra de los pueblos indígenas:

  • Recoger en la legislación el derecho de los pueblos indígenas a poseer, usar, desarrollar y controlar sus tierras, territorios y recursos.
  • Tomar en consideración a los pueblos indígenas afectados y coopere con ellos a través de sus propias instituciones representativas, antes de aprobar cualquier proyecto que pueda afectar a sus tierras, especialmente en lo que se refiere al desarrollo, uso o explotación de minerales, agua o cualquier otro tipo de recurso natural.
  • Garantizar a los pueblos indígenas una compensación justa y equitativa por cualquier tierra, territorio o recurso que les haya pertenecido o hayan ocupado o usado tradicionalmente y haya sido confiscado, tomado, ocupado, explotado o degradado sin su consentimiento fundamentado previo y libre.
  • Asegurar que el procedimiento legal para registrar un terreno respete debidamente las costumbres, tradiciones y sistemas de propiedad de la tierra de los pueblos indígenas interesados sin ningún tipo de discriminación racial.
  • Proteger a los pueblos indígenas frente a cualquier ataque contra su integridad física o mental.

Texto de Zerca y Lejos

Desflorestação e a Destruição da Floresta

Los pueblos pigmeos viven en la selva del África central desde hace milenios. En las últimas décadas, sus tierras se han visto gravemente afectadas, entre otras cosas, por la tala masiva de árboles. La deforestación y la expansión de zonas protegidas han puesto en peligro el fuerte vínculo de los pueblos con la selva, su cultura y su subsistencia.

Existen diferentes pueblos pigmeos, como los Twas, los Bakas o los Mbutis. Cada uno de ellos cuenta con su propia lengua, cultura y costumbres. Edjengui, el espíritu del bosque, es una de las pocas palabras comunes a todos ellos. La selva es el hogar espiritual y físico de la comunidad, y fuente de su religión e identidad cultural. La subsistencia pigmea depende de la caza y de la recolección de productos del bosque, como la miel silvestre, y el intercambio de productos con las sociedades sedentarias de la zona. Sin embargo, las actividades recolectoras se han visto afectadas por la tala excesiva y esto ha provocado la pérdida de las tierras, niveles extremos de pobreza y el reasentamiento de los pueblos.

La mayor parte del territorio pigmeo es rico en madera y minerales. Actualmente, existe una competición muy fuerte entre empresas madereras y ecologistas para hacerse con la propiedad de la selva. Sin embargo, en esta lucha territorial, no se han tenido en cuenta los derechos y necesidades de la comunidad. En muchas ocasiones, los pueblos se ven engañados por las empresas para entregar sus derechos territoriales. Esto implica la pérdida, no sólo del terreno, sino también de su herencia cultural, sus medios de subsistencia y la seguridad alimentaria. El impacto negativo resultante es devastador para las personas, las condiciones de la biosfera y el clima.

Uno de los mayores problemas de la deforestación en Camerún es que se lleva a cabo sin el consentimiento de los habitantes de la selva, los pigmeos baka. Existen empresas madereras que talan árboles en una extensión de tierra mayor de la que permite la propia legislación camerunesa. A esto hay que unir también, en muchos casos, la exportación ilegal de maderas exóticas. La principal problemática es que el propio gobierno de Camerún otorga concesiones a las empresas para que destrocen la selva y conseguir troncos que luego son transportados.

Además de la tala ilegal, estas empresas operan imponiendo condiciones de trabajo muy duras y con sueldos bajos. De esta manera, la selva tradicional está desapareciendo, condenando a las poblaciones que la habitan y dependen de ella a la ruina. También hay que sumar el interés de la industria farmacéutica por el valor medicinal de los árboles de Camerún. En definitiva, los intereses económicos de los poderosos del país están matando uno de los espacios naturales más importantes de la zona.

A diferencia de las empresas con ánimo de lucro, los pigmeos establecen un vínculo de dependencia con los árboles de la selva. Éstos les proporcionan frutas, alimentos, aceite, miel y medicinas naturales. Incluso, los pigmeos utilizan los troncos de los árboles para camuflarse en las actividades de caza.

Pero la deforestación no es el único problema que está afectando a la vida cotidiana de los pigmeos, sino que también lo hacen las condiciones climáticas. Las comunidades reclaman que sus derechos sobre la selva sean respetados por encima de todo. Y es que el cambio climático ya está afectado a las condiciones de la tierra. Uno de los planes internacionales sobre cambio climático es el programa REDD, que tiene como objetivo ayudar a proteger los bosques y a las comunidades, haciendo partícipe a los pueblos afectados y teniendo en cuenta sus derechos territoriales.

Texto de Zerca y Lejos

Design Sustentável

Texto de Alice Buratto

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Pensar em economia criativa para se alcançar um desenvolvimento sustentável é necessariamente desenvolver empreendimentos economicamente viáveis, socialmente justos e ambientalmente corretos. Desse modo, apresenta-se os três pilares da sustentabilidade: o social, o econômico e o ambiental, os quais unidos representam um modelo de desenvolvimento que visa o bem estar do planeta e da sociedade.

Entende-se como socialmente correto um empreendimento  que contribua para a construção de uma sociedade mais equilibrada e o qual diminua as diferenças sociais, havendo uma inclusão das pessoas marginalizadas. Já por economicamente viável tem-se por uma gestão responsável e eficaz dos recursos. Finalmente, ambientalmente correto seria aquele empreendimento que use de forma racional os recursos naturais, priorizando a utilização das energias renováveis, o uso de matérias-primas biodegradáveis, reutilizáveis  e de fácil reciclagem e sem contaminação do meio ambiente.

Desse modo para se empreender dessa maneira faz-se necessário que o empreendedor identifique um desequilíbrio que cause uma exclusão, um sofrimento social, ou uma degradação ambiental; e a partir desta reconheça a oportunidade de atuar nessa ordem vigente, desenvolvendo um projeto para modifica-la, o qual atuará em tal situação e acarretará um novo equilíbrio, agregando valores onde não existia e gerando um desenvolvimento. O empreendedor necessita ter um pensamento inovador e atuar em áreas ainda desconhecidas ou novas, para dar outras respostas e soluções a problemas antigos; antes de mais nada, o empreendedor necessita reconhecer a oportunidade de atuação e acreditar em sua ideia.

Atualmente, a criatividade é tida como uma maneira de agregar valor, diferenciando-se a partir de características intangíveis, características as quais não podem ser transferidas ou copiadas, já que vivemos em um momento em que através da tecnologia tudo se transfere e tudo se copia rapidamente, contudo não o caráter emocional: “Lo que la tecnología todavía no consigue sustituir es la capacidad de crear, las emociones, la cultura, la visión” (HASHIMOTO, in ASSUMPÇÃO). Assim, em meio a esse contexto, tem-se como principal fonte de riqueza a idéa.

A criatividade é um bem imaterial por isso pode ser transmitida e compartilhada de forma gigantesca através das redes de conexão virtual, possibilitando um acesso ao conhecimento proporcionando um desenvolvimento o qual não implica em crescimento. Uma economia baseada na criatividade é inovadora e sustentável; reconhecendo a criatividade como possibilidade de novos modelos de negócios e de reinvenção de modelo econômico de um país, no qual se agrega valor a partir da criatividade da população.

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O DESIGN SUSTÉTÁVEL DO BAKA STUDIO

Desse modo, tendo como princípio a sustentabilidade o Baka Studio é um studio de design e de curadoria o qual percorre diferentes países ao redor do mundo em busca de criatividade, sempre visando o desenvolvimento local e o consumo consciente de matéria-prima, apoioando o re-uso de materiais. Temos como exemplo a liha Industrial Trend, a qual reaproveita materiais encontrados em demolições. Além disso, dá-se como muito importante para nosso estudio o aproveitamento total da matéria, assume, em nossa linha Afrikan Skin, compomos diversos objetos a partir de partes animais que são normalmente descardas. Na África do Sul e Namibia, o consumo da carne de springbok e de zebra é comum e tradicional, dessa maneira há uma gama de peles, chifres e ossos, com os quais podemos criar produtos irreverentes e ecologicamente corretos. 

Junto a isso, nós apoioamos a produção local para que se possa haver um desenvolvimento social e economico da região. Assim, procuramos eximios artesões ao redor mundo, além de produzirmos nossos produtos manualmente em diversas regiões do mundo, pela população local de acordo com a região da matéria prima.

Nossa produção de bolsas e almofadas na Africa do Sul