Os Bakas e o Espírito da Floresta

The Baka pygmies of Cameroon live in the world’s second largest green lung: the Congo Basin Rainforest in the southeast part of the country. 

Their habitat is home to a stunning array of wildlife. More than eight thousand plant species and around 100 mammal species, including rare forest elephants, lowland gorillas, chimpanzees, buffalo and giant forest hogs live here.

Together with the Worldwide Fund for Nature (WWF), the government of Cameroon and Germany’s development agency GTZ, the Baka pygmies contribute towards the protection of Lobeke National Park. This area of around 2,000 square kilometers is situated on Cameroon’s border to the Central African Republic and the Republic of Congo.

The forest is the Baka’s life

Many Baka pygmies live in villages along roads built for logging companies, a practice encouraged by missionaries and the government. The pygmies, seldom taller than one meter fifty, living here are dressed in much the same clothes as most of their countrymen: the obligatory football shirt, if they can get hold of one, and shorts.

Yet despite these “modern” ways, they are still very dependent on the forest. They use time-honored hunting techniques, hunting smaller prey with a type of crossbow. 

The rainforest is also a giant pharmacy for those who know how to use it. The Baka have a vast knowledge of the medicinal qualities of the thousands of species of plants and trees which grow here. 

The Baka’s knowledge of the rainforest is greatly superior to that of other tribes who have settled more recently in the region and mainly live off agriculture – the Banganado and the Bodjumbo. “They have their own perception of the forest and value the forest more than the Bantus – the non-Bakas,” Dr. Leonard Usongo, head of the WWF’s Jengi South East Forest Project, told DW-RADIO’s John Hay. 

“Jengi”, the spirit of the forest, is what the environmental organization is seeking to preserve, along with the pygmy way of life. 

“Take the lifestyle of a typical Baka man: He lives in the forest, he depends on the forest for his survival, be it in terms of food or terms of refuge,” he explains. “So basically, the forest is just everything in his life.”Hunting is necessary, but forbidden”

The involvement of outside organizations has meant limitations for the some 20,000 Baka who live in the peripheral area of Lobeke Park. One major regulation is the prohibition to hunt larger game, although illegal poaching is a large problem in the region. 

Here, the Baka are a great help, as they alert the WWF or government forest guards when they observe big game poachers entering the park. 

But the hunting ban is not so much a source of conflict with the pygmies as it is with other local tribes. Vegetables, such as manioc, yams and cooking bananas, grow quickly in the humid climate. Gorillas, however, often devastate the fields of both the Bakas and Bantus. The locals used to hunt gorillas, but the WWF only allows them to be killed in self-defence. 

A Bantu woman belonging to the Bangando tribe says the primates are a pest who need to be sought out and exterminated.

“When the gorillas come and destroy the fields like this, what should we do? Where shall we eat? What about the children when there is no food at home? The children cannot concentrate properly at school when they have empty stomachs,” she says. Destroying the rainforest

But the greatest threat to the gorillas, the pygmies and the jungle as a whole doesn’t come from poaching, but rather from logging. Up to 400 heavy trucks, each laden with the trunks of three to five giant ayours, sapelli or ebony trees, roll daily through the provincial town of Yodakdouma. These trees don’t take decades, but hundreds of years to grow.

International and domestic logging companies are eating into the Cameroonian rainforest at a rate of 130,000 hectares a year – more than half a percent of the entire rainforest surface. 

“Lobeke is actually the gateway for most of the forest products – timber from Central Africa and Congo. So these trucks move via Lobeke right across to Douala seaport, where the wood is exported to Europe, Asia and the rest of the world,” says WWF project manager Usongo.

Once the large trees are destroyed, the rest of the forest lacks the shadow of the forest canopy and soon dies. And when fragile topsoil has disappeared, the rainforest will never grow back again. 

The Baka pygmies of Lobeke are acutely aware that their way of life and a centuries old culture is at risk of being lost forever.

“The Jengi is the spirit of our ancestors. They knew how to use the wisdom of the forest,” says an old Baka. “But now our ancestors have gone.” 

He says the Bangando and Bodjombo are a major problem. “They come and disturb the Jengi in the forest. Our Jengi is not as strong as it was before.”

Os Pigmeus

Os povos ‘Pigmeu’ são tradicionalmente caçadores-coletores que vivem nas florestas tropicais em toda a África central.

O termo ‘Pigmeu’ ganhou conotações negativas, mas foi recuperado por alguns grupos indígenas como um termo de identidade.

Porém, essas comunidades se identificam principalmente como ‘povos da floresta’, devido à importância fundamental da floresta à sua cultura, modo de vida e história.

Cada um é um povo distinto, como o Twa, Aka, Baka e Mbuti vivendo em países de toda a África Central, incluindo a República Centro-Africana, a República Democrática do Congo, Ruanda, Uganda e Camarões.

Grupos diferentes apresentam línguas e tradições de caça diversas. Embora cada comunidade enfrente ameaças e desafios diferentes, o racismo, a exploração madeireira e projetos de conservação são grandes problemas para muitos, todos contribuindo para sérios problemas de saúde e abuso violento.

As estimativas atuais indicam que a população dos povos Pigmeu é de cerca de meio milhão.

Vida na floresta

O centro da identidade desses povos é a sua conexão íntima com a floresta onde eles vivem, e que têm adorado e protegido por gerações.

Jengi, o espírito da floresta, é uma das poucas palavras comuns a muitas das diversas línguas faladas pelos povos da floresta.

‘Os Pigmeus amam a floresta como amam seu próprio corpo.’ (provérbio Mbendjele)

A importância da floresta como seu lar espiritual e físico, e como fonte de sua religião, medicina, subsistência e identidade cultural é enorme.

Tradicionalmente, as pequenas comunidades frequentemente se movimentavam por territórios florestais distintos, reunindo uma vasta gama de produtos florestais, coletando mel silvestre e trocando mercadorias com sociedades sedentárias vizinhas.

Técnicas de caça variam entre os povos da floresta, e incluem arcos e flechas, lanças e redes.

© Salomé/Survival

Mas muitas comunidades foram deslocadas por projetos de conservação e suas florestas remanescentes foram degradadas pela exploração madeireira extensiva, expansão por parte dos agricultores, e atividades comerciais, como o comércio intensivo de carne.

Poucos receberam qualquer compensação pela perda de seu modo de viver auto-sustentável na floresta, e muitos enfrentam níveis extremos de pobreza e problemas de saúde em assentamentos na periferia da terra que já lhes pertenceu.

Em Ruanda, por exemplo, muitas pessoas Twa que foram deslocadas de suas terras ganham a vida fazendo e vendendo cerâmica.

Agora, esta subsistência está ameaçada pela perda de acesso a argila através da privatização da terra e pela disponibilidade crescente de produtos de plástico.

Mendigar e vender seu trabalho barato se tornaram as únicas opções para muitos povos da floresta deslocados e marginalizados.

Direitos e reconhecimento

Um problema fundamental para os povos Pigmeu é a falta de reconhecimento dos direitos territoriais de caçadores-coletores, juntamente com a negação de sua condição ‘indígena’ em muitos estados africanos.

© Salomé/Survival

Sem direitos reconhecidos nacionalmente para as terras florestais das quais dependem, forasteiros ou o estado podem tomar suas terras sem barreiras legais e compensação.

Aquelas comunidades que perderam seus meios de vida tradicionais e as suas terras se encontram na parte inferior da sociedade nacional – vítimas de discriminação que afeta cada aspecto de suas vidas.

Saúde e violência

Povos da floresta que vivem na terra que têm cuidado por séculos apresentam melhor saúde e nutrição do que os seus vizinhos que foram expulsos de suas terras florestais.

As consequências ao perderem suas terras são muito previsíveis: a descida rumo à pobreza, saúde precária e uma profunda destruição de sua identidade, cultura e sua conexão com sua terra, que cria uma nova classe baixa que requer apoio do governo.

O conflito na República Democrática do Congo tem sido especialmente brutal para o povos Pigmeu, que sofreram assassinatos e estupros, e supostamente foram vítimas de canibalismo dos combatentes fortemente armados.

Em 2003, representantes Bambuti pediram à ONU para proteger seu povo do terrível abuso por parte das milícias armadas no Congo, incluindo a incidência extremamente alta de violação de mulheres por homens armados. Um dos resultados foi uma taxa alta de HIV/ Aids.

‘Temos visto crueldade, massacres, genocídio, mas nós nunca vimos os seres humanos caçados e comidos, literalmente como se fossem animais de caça, como tem acontecido recentemente’, Sinafasi Makelo, porta-voz Mbuti.

Os Batwa também sofreram desproporcionalmente com o genocídio da Ruanda em 1994: estudos estimam que 30% dos Batwa foram mortos, mais do dobro da média nacional.

Onde as comunidades Pigmeu continuam a ter acesso aos recursos florestais, dos quais tradicionalmente dependem, seus níveis de nutrição são bons.

© Salomé/Survival

Quando estão deslocados das florestas, geralmente sem compensação ou meios alternativos de ganhar a vida, a sua saúde piora drasticamente. Um estudo relata que 80% dos Baka sedentários em Camarões sofre da bouba (uma condição dolorosa na pele).

Outros estudos têm mostrado que comunidades Pigmeu que habitam a floresta têm níveis mais baixos de muitas doenças em comparação com as populações vizinhas de Bantu assentadas, incluindo a malária, reumatismo, infecções respiratórias e hepatite C.

Além disso, as comunidades não podem mais acessar os remédios da floresta dos quais dependiam, e estão em perigo de perder o seu conhecimento rico e tradicional da medicina herbal.

A maioria das comunidades não tem acesso a assistência de saúde devido à falta de disponibilidade, falta de verbas e maus-tratos humilhantes. Programas de vacinação podem ser lentos para atingir os povos da floresta e há relatos de Pigmeu que sofrem de discriminação por funcionários médicos.

Racismo

Um fator central por trás de muitos dos problemas enfrentados pelos povos da floresta é o racismo.

Suas estruturas sociais igualitárias muitas vezes não são respeitadas pelas comunidades vizinhas ou empresas internacionais e organizações que valorizam líderes (masculinos) fortes.

© Salomé/Survival

A íntima conexão dos povos da floresta com as florestas já foi valorizada e respeitada por outras sociedades, mas agora é ridicularizada.

Para muitas comunidades agrícolas e de pecuária em toda a região, os povos da floresta, que não têm nem terra nem gado, são vistos como ‘atrasados’, empobrecidos ou ‘inferiores’ e muitas vezes são tratados como se fossem ‘intocáveis’.

Reconhecimento e representação política

Numa tentativa de diminuir os conflitos étnicos, vários governos africanos, como os da Ruanda e da República Democrática do Congo, têm defendido a ideia da nação como ‘um povo’, negando enfaticamente o status ‘indígena’ para os povos Pigmeu e recusando-se em reconhecer as suas necessidades distintas.

Os povos Pigmeu são muito mal representados no governo, em todos os níveis, nos países onde vivem.

Com seu baixo status e falta de representação, é difícil para eles defender suas terras, e os recursos desejáveis dela, de pessoas de fora.

Escravidão

Em agosto de 2008, quase 100 Pigmeus foram libertados da escravidão na RDC, dos quais quase a metade eram provenientes de famílias que haviam sido escravizadas por gerações.

Mãe e crianças Pygmies

Mãe e crianças Pygmies© Salomé/Survival

Tal tratamento decorre da noção de que os Pigmeus são de um status inferior, e que por isso podem ser ‘propriedades’ dos seus ‘mestres’.

O trabalho forçado nas fazendas é uma realidade comum para muitos Pigmeus deslocados, que são extremamente vulneráveis, sem terra ou representação e pouca simpatia e apoio.

Taxas de remuneração são geralmente mais baixos para os Pigmeus em toda a região.

Madeireiros e parques

Grande parte das terras tradicionalmente habitadas por comunidades de Pigmeus é rica em madeira e minerais.

Há uma corrida entre os madeireiros e os conservacionistas para reivindicar as florestas remanescentes.

Os direitos e necessidades dos povos da floresta têm sido ignorados na disputa das florestas da África Central.

© Salomé/Survival

No Congo, as empresas madeireiras multinacionais correram aos primeiros sinais de paz para extrair madeira valiosa.

Comunidades locais muitas vezes são enganadas, e acabam renunciando o seu direito à terra, perdendo o seu patrimônio cultural, a fonte de seu sustento e sua segurança alimentar, em troca de um punhado de sal, açúcar ou um facão.

Os resultados são devastadores para o povo, a floresta, o clima e o futuro deste país desesperadamente instável.

No caminho dos madeireiros, vêm milhares de colonos, ansiosos para estabelecer fazendas nas terras recém acessíveis, hostis aos povos da floresta cujas terras foram destruídas.

‘Desde que fomos expulsos de nossas terras, a morte está nos seguindo. Nós enterramos pessoas quase todos os dias. A aldeia está se tornando vazia. Estamos caminhando para a extinção. Agora todas as pessoas de idade morreram. Nossa cultura está morrendo também.’ (Homem Mutwa de Kalehe, RDC.)

Tem havido um ciclo vicioso de povos da floresta, privados de suas florestas e, portanto, seus meios de sobrevivência, empobrecendo cada vez mais a medida que forasteiros aproveitam de sua situação.

Com o aumento da pobreza, sua capacidade para defender seus direitos está diminuindo. Extensas plantações, de propriedade de empresas multinacionais, estão se espalhando para áreas florestais.

Em Camarões, as comunidades Bagyeli que vivem num lado do Parque Nacional do Campo Ma’an têm sido espremidas entre a área de conservação e o território que foi entregue a empresas multinacionais para a exploração.

Plantações de óleo de palma e árvores de borracha são áreas proibidas para os Bagyeli, e não houve qualquer compensação pela perda de suas terras, nem trabalhos, assistência à saúde ou outros benefícios.

Sua saúde está se deteriorando, pois mosquitos são abundantes entre as plantações, aumentando a malária na área, e a nutrição dos Bagyeli diminuiu radicalmente sem acesso a alimentos da floresta.

‘Suas condições de vida não são a nossa responsabilidade. Questões relacionadas à pobreza não são a nossa responsabilidade.’ (John Makombo, Autoridade de Animais Selvagens da Uganda)

Forasteiros que vieram para trabalhar nas plantações discriminam contra os Bagyeli e caçam os animais locais, privando os Bagyeli de sua principal fonte de proteína.

Conservação

Em 1991, a Floresta Impenetrável de Bwindi na Uganda foi declarada como Parque Nacional. Os Batwa foram expulsos e proibidos de caçar e coletar frutos; poucos foram compensados.

Eles não foram consultados. A maioria vive agora como ‘intrusos’ em terra de outros povos, sempre com medo de serem expulsos, sem acesso à floresta e sem terra própria.

Os Pigmeus são os especialistas da floresta. Aqui, são fotografados na República Democrática do Congo.

Os Pigmeus são os especialistas da floresta. Aqui, são fotografados na República Democrática do Congo. © Kate Eshelby/Survival

Os anciãos relataram que eles não podem ensinar a seus filhos as habilidades tradicionais- coletar o mel, caçar, utilizar as ervas medicinais- porque eles não podem ir para a floresta.

Os Batwa foram excluídos dos parques, e são maltratados e explorados pelos agricultores.

Os agricultores que invadiram a floresta com suas fazendas receberam uma indenização quando as áreas de conservação foram designadas. Os Batwa deslocados não.

‘Um dia, estávamos na floresta quando vimos pessoas vindo com metralhadoras e eles nos disseram para sair da floresta. Estávamos com muito medo, por isso começamos a correr sem saber para onde ir e alguns de nós desapareceram. Eles morreram ou foram para algum lugar que não sabíamos. Como resultado do despejo, todo mundo está disperso.’ (Sembagare Francis)

As receitas provindas do turismo, a partir de alguns dos principais parques nacionais nesta área, são substanciais. Visitantes estrangeiros pagam centenas de dólares para poderem caminhar por um dia e ver os gorilas em Bwindi.

Esse dinheiro vai para o governo de Uganda. São os povos da floresta locais, que têm pagado os custos mais elevados.

Despejos

Comunidades Twa foram expulsas dos parques em toda a região, incluindo o Parque Nacional de Vulcões (Ruanda), Mgahinga (Uganda) e Kahuzi-Biega (República Democrática do Congo).

Como povos da floresta, eles sofreram muito conforme suas terras foram convertidas em áreas de conservação das quais eles foram despejados.

Vivendo na pobreza nas bordas da terra que já lhes pertenceu, eles se tornaram dependentes de esmolas e trabalham para outros por um salário mísero.

Em 1999, o Parque Nacional Campo Ma’an foi demarcado em ‘compensação’ pelos danos ambientais causados pelo oleoduto Chade-Camarões.

Não só os caçadores-coletores Bagyeli perderam suas terras, mas eles também têm sido impedidos de acessar a área e forçados a praticar agricultura, sem nenhuma forma de consulta.

No sudeste dos Camarões, caçadores-coletores Baka estão sendo ilegalmente despejados de seus lares ancestrais para abrir caminho a parques nacionais, e enfrentam prisão e espancamentos, tortura e morte nas mãos de esquadrões anti-caça furtiva apoiados pelo WWF, World Wide Fund for Nature.

Texto: Survival

Ancient Baka culture in Cameroon under threat

The Baka pygmies in Southern Cameroon have been living in the forest for thousands of years. But now, with logging and mining companies rushing to cash in on the wealth, their ancient culture has come under threat.

The sound of a chain saw felling down trees at a mining site in Ngoyla, in south east Cameroon, sends shivers down the spine of Mendum Lysette, a Baka widow with three kids. The Baka pygmies live in close proximity to the forest which they consider it their natural home. Until a few years ago, they had little to do with the outside world. But since the forest has become the target for commercial interests, things have changed drastically.

Along with some 35,000 Baka pygmies living in the forests of Southern Cameroon, Lysette has never been more fearful in her life.

“We can’t help being afraid. Every day, strangers come to us preaching a new gospel of mining. And as the days go by, we see systematic restrictions on our rights,” she said.

“The government of Cameroon and some white people have moved us out of the heart of this forest and resettled us in this village. Now we go into the forest and return in the evening. We are not allowed in there at night.”

The red patches on the map indicate areas the Baka have been evicted from

Lysette’s family and other families were forced to move to a simple village on the edge of the forest. But the Baka don’t like it there. They were used to moving freely from one location of the forest to the next in search of game, wild fruits and tubers, but now, they are forced to live a sedentary life along the roadside.

Lysette says this policy deprives them of the sounds of birds and animals that was part of their lives and souls.

For most of her life, Lysette and most other Baka lived in close communion with nature, right in the Ngoyla-Mintom Forest, an area encompassing 943,000 hectares of relatively intact forest that straddles parts of the East and South Regions of Cameroon. But right here, the iron exploration firm Cam Iron plans to extract close to a billion tons of iron in the next 25 years.

Cameroon pushes for its 2035 development vision

Mineral extraction and logging are major areas where the Cameroon government hopes to make enough profit to achieve its 2035 development vision. Besides being a life line for many rural communities, it is a sector that provides more than one quarter of Cameroon’s export earnings.

“The Baka have been living in the forests of Southern Cameroon for thousands, and thousands of years. Their indigenous knowledge is unbelievable – the medicines, the plants the animals,” said David Hoyle, director of conservation for the WWF.

“But of course the world is changing. Cameroon is developing. Cameroon is going down the development route. Hence, the government’s push for mining permits, logging permits and general development.”

This policy has led to the influx of mining and logging companies into the region, which are now creating many problems for the Baka pygmies who are traditional hunters. 

Forest (photo: Ulrike Koltermann/ dpa - Bildfunk)

The Baka pygmies have a great knowledge of the forest’s remedies

‘’The Baka now cannot completely depend on the forest, because the areas that have been created for protected areas are now managed by conservation organizations like the WWF, WCS and so forth,” Naah Ndobe said. He is the coordinator of the Center for Environment and Development, a Yaounde-based NGO working to protect the environment and the rights of the Baka Pygmies.

“The juicy parts of the forests where they used to get game and fruits have now been protected and are guarded. The logging areas are also guarded, because those who have the concessions would not give you access there. They have obligations to control what you call poaching and so on,” Ndobe added.

Naah Ndobe says the original occupants of the forest have become very vulnerable – deprived of the land they have enjoyed for ages.

Hard battle for ancestral lands

With little access to education and no say in the decision making spheres, they find it hard to fight the battle for their ancestral lands. A combination of discrimation, economic interests and lack of control is depriving the Baka of the very essence of their existence. David Hoyle has worked with the Bakas for long and says he understands their frustrations.

“There are a lot of challenges. Their traditions seem to be disappearing. There are huge problems with integrating into society. There are huge problems with alcohol abuse. It is quite a sad situation,” he said.

Many Baka have been moved to villages at the edge of the forest

Hoyle added that they need to find a solution that caters to the Baka as well as allow Cameroon to develop as an emergent economy.

For the Baka, there seems to be no place to preserve their unique cultures and tradition. They are even prohibited from finding alternative ways to make ends meet.

“A Baka cannot sell game and get money to send his children to school,” Ndobe said. The communities are allowed to get forest products through users’ rights, but they can only use it for their own consumption.

The World Wide Fund for Nature has however been working along with both government officials and the Baka to find solutions. David Hoyle says WWF has been negotiating with the government to give the Bakas access rights to the Nki and Bouba Bek National parks as a legal part of the management plan.

According to him, this is important in order to enable the Bakas to get such non-timber forest products like wild fruits, wild tubers and medicinal plants as well as continue to access their places of worship.

But Ndobe believes that any valid solution can only come from sweeping policy reforms that should protect the fundamental rights of the Bakas. He says that indigenous peoples should be better protected in Cameroon, particularly since the government has signed a UN agreement on Indigenous rights.

Pygmies in a hut (photo: Carine Debrabandère)

Pygmies are traditional hunter-gatherers indigenous to the rainforest of the Congo basin

“The Baka are sharing these specificities not only in Cameroon. You go to the whole of the Congo Basin, you have the Batwa, the Babugo and the Babute; and you go around the world , you have indigenous people-hunter-gatherers in Latin America and Asia. And in the whole world, they have specific rights that have been recognized.”

Ndobe emphasizes the need for the Cameroon government to come up with specific laws recognizing the rights of the Bakas, citing progress made in neighboring countries like the Central African Republic and the Congo.

It remains to be seen how committed Cameroon will be in respecting the rights of its indigenous inhabitants who represent one percent of Cameroon’s 19 million people, while striving for economic development. For the Baka, it’s a question of life and death for their unique culture and identity.

Author: Ngala Killian Chimtom, Yaoude, Cameroon /sst
Editor: Anke Rasper

As Relações entre os Bantus e os Bakas

Los baka y los bantú son dos etnias muy diferentes condenadas a vivir juntas. De estas relaciones surge una de las problemáticas más graves a la que se enfrenta el pueblo baka, la marginación y el maltrato.

El pueblo baka es una de las poblaciones más desfavorecidas de África Subsahariana. Esta etnia pigmea sobrevive gracias a la selva. Hasta no hace mucho, era una comunidad nómada que vivía de la pesca, la caza y la recolección de frutos silvestres. Hoy en día, se han visto obligados a abandonar sus campamentos y asentarse en los márgenes de las carreteras, como consecuencia de la deforestación y la preservación de las áreas protegidas.

Se organizan en grupos pequeños, donde existe un líder que aconseja al resto. Sin embargo, cada individuo es libre de tomar sus propias decisiones y oficialmente no existe ninguna estructura jerárquica. El respeto y la autonomía personal son los dos valores primordiales dentro de la comunidad.

Actualmente, siguen desarrollando sus actividades de caza y recolección, aunque sus tierras se hayan visto reducidas. Es por esto quetrabajan las tierras de las comunidades bantúes, una de las etnias tribales mayoritarias de Camerún, a cambio de un plato de comida, un sueldo mínimo o, incluso, una dosis de alcohol. Esto ha llevado a las personas baka a encontrarse una situación de semi-esclavitud ante esta etnia mayoritaria.

El no reconocimiento por parte de las instituciones ni de la sociedad.

Uno de los grandes problemas que existe al respecto es que el propio gobierno de Camerún no reconoce a los pueblos pigmeos baka en sus leyes como pueblo indígena, aunque sí los clasifica como tal en la práctica. Se trata de un pueblo marginado, tanto por las autoridades, como por el resto de la población camerunesa. No reciben ayudas, su cultura no es respetada y, mucho menos, se protege su hábitat.

Pero, sin lugar a dudas, la mayor problemática es que, en muchos casos, los pueblos bantúes no han aceptado que el pueblo baka sean seres humanos al mismo nivel. Todo esto ha generado unos altos niveles de racismo y discriminación de los primeros hacia los segundos, que son tratados como ciudadanos y ciudadanas de segunda categoría y se ven en la obligación de trabajar contra su voluntad. Mientras tanto, las principales autoridades del país miran hacia otro lado, haciendo gala de impunidad.

Las trabajadoras y los trabajadores baka se ven obligados a realizar los trabajos más duros bajo riesgo de castigo físico si se niegan. Se han dado casos de flagelación con cables hasta la tortura más terrible. Pero, a pesar de todo ello, la policía insiste en que las relaciones baka-bantú son buenas. Algunos miembros del cuerpo, incluso, declaran que es bueno que los bantúes fuercen a los baka, porque éstos son vagos y se pasan el día consumiendo alcohol y marihuana.

El hecho de que se consideren seres inferiores es un problema de educación. La alfabetización y formación del pueblo baka es fundamental para su empoderamiento e integración en la sociedad camerunesa. Desde fuera son considerados seres vagos y alcohólicos, seguramente por culpa de la mentalidad opresora de los bantúes. El reconocimiento de los derechos y libertades del pueblo baka es posible, pero el cambio requiere mucho tiempo.

El primer paso es el de concienciar a la población camerunesa de que todos son personas en igualdad de condiciones y capacidades. La clave está en la educación. La juventud es quien más acceso tiene a ella y quienes más hablan de derechos y plantan cara. Las relaciones de igualdad, respeto mutuo y colaboración serán las únicas capaces de hacer de la convivencia baka-bantú algo posible.

Texto de Zerca y Lejos